Hoje temos o primeiro contributo masculino no Blog 😊
É um testemunho sincero que nos faz repensar no que realmente a mudança representa para nós.
É um testemunho sincero que nos faz repensar no que realmente a mudança representa para nós.
Não estaremos acomodados na nossa vida?
Será que estamos preparados para a mudança?
Mas, como já diz o ditado "Quem muda, Deus ajuda" e o Luís é a prova de que a mudança só faz bem!!!
"Olá, eu sou o Luís Queirós e sou viciado em mudança.
Seria esta a minha apresentação caso existisse um grupo de
apoio a pessoas que são alérgicas ao comodismo e monotonia. Ou até mesmo aquele
novo conceito de rebanho ou “carneiragem” em que seguem todos o mesmo sentido
sem querer olhar para o lado e que caminhos podem ter de diferente. Não digo que
em momentos o fizesse, todos fazemos. Quem nunca comprou uns sapatos de vela
porque toda a gente os tinha? Quem nunca dançou um reggaeton numa qualquer pista
de dança? Quem nunca trauteou a música do mestre Zé Malhoa – Aperta com ela?
Tudo isto acontece. Até eu, que segui para o curso de Gestão da Universidade do
Minho porque era o que parecia mais correto para mim e tendo um pressentimento
que não era bem o que realmente queria, mas sim o que os outros esperavam de
mim.
Gostava de dizer que sempre contrariei esse estado de
espirito, mas nem sempre foi assim. Basicamente foram alguns ensinamentos que
vamos tendo ao longo da vida que nos levam a tomar consciência que devemos ser
felizes ao invés de viver numa aparência feliz.
Tive o privilégio de conhecer a Ana num período em que
estava claramente em processo de mudança, fosse a nível profissional, fosse
pessoal. Mais precisamente em Janeiro de 2010 que a conheci e passei a ser um
dos seus maiores pesadelos na empresa, uma vez que tratava de lidar com suas
despesas de representação.
O Luís Queirós que a Ana conheceu tinha cerca de 90kg nessa
altura e acabava de ter dois novos desafios:
1º- A entrada numa empresa com a qual não tinha qualquer
ligação familiar e por essa mesma razão considerar que era um dos primeiros
desafios profissionais a que se propunha com a ambição de qualquer jovem e uma
vontade enorme de aprender.
2º- Perder peso que tinha obtido durante os anos de
Universidade e melhorar substancialmente a capacidade física e, por
consequência, a saúde.
No primeiro caso, a vontade de trabalhar num ambiente
totalmente diferente do familiar imperou e foi conseguida através da F3M – Information Systems, SA, onde fui ocupar a função de Controler de Gestão. O
mais engraçado é que me tinha candidatado para assistente administrativo e
depois acabou por ser proposto a função de Controler. Isto foi um passo
marcante na minha vida pois acabou por definir a minha especialização na área e
acabei por descobrir algo que gostava de fazer.
Já no segundo caso, estamos a falar de uma resolução de novo ano que me levou a mudar de estilo de vida. Dei por mim no Verão de 2009 com 92kg e uma forma física deplorável. Para além de ter umas mamas que me permitiriam enganar muita criança em fase de amamentação, tinha também algumas dificuldades em fazer esforços físicos. Agora se vos disser que desde sempre pratiquei desporto e esforços físicos nunca tinham sido considerados “esforços”, a coisa já se começa a compor. Então depois de uma ida ao médico em que após ver as minhas análises de rotina se vira para mim e diz: “Tu tens valores de um homem de 60 anos. Daqui a 5 anos podes vir a ter um enfarte”, algo bem interessante de ouvir, sobretudo quando temos vinte e poucos anos, tal deixou-me bastante melindrado. Isso e (re)ver uma foto das férias de Verão; decidi mudar de vida.
Foi então aí que comecei a mudança, com a entrada no ginásio e o controlo da alimentação. Desde as idas diárias ao ginásio, para quem um pequeno esforço era uma batalha naquela altura, às 5 bolachas Maria e um iogurte líquido magro como lanche (sim, só isso!), foi um processo penoso. E as outras refeições? O pequeno-almoço eram 5 bolachas Maria e um copo de leite magro! E parecia que tinha voltado aos meus tempos de criança em que comia sopa nas duas refeições principais, acompanhada de prato, estivesse calor ou frio. Porções contadas e pesadas. Acreditem, não é muito animador, sobretudo para quem estava habituado a comer uma taça enorme de cereais ou uma caneca de leite com Cola-Cao e três madalenas ao pequeno-almoço, além de bolos durante o dia e pacotes inteiros de bolachas ou sortido Cuetara ao lanche! E pensam que ficava por aí? Nada disso! Durante o período da Universidade eu fazia aquilo que normalmente se faz nos jantares e saídas de grupo de amigos – excessos! Fossem canecas de Receita (vinho branco baratinho misturado com cerveja e bastante açúcar) ou pratos de comida standard dos jantares académicos (bifinhos com cogumelos) eu "limpava" tudo e com orgulho. Depois vinham as repetidas minis e afins. Assim foi fácil chegar aos 92kg!!!
No processo de mudança o problema maior foi mesmo conseguir
deixar esse tipo de alimentação, porque os alimentos eram verdadeiramente aditivos!
Por isso, foi necessário um enorme esforço mental para poder controlar e manter
o novo regime de alimentação. Quando vos dizem que a reacção é semelhante à de
um drogado a ressacar, acreditem, é mesmo. Um exemplo: na minha família sempre
se encheu bem a mesa para as festas de aniversário e eu não podia tocar em nada
do que era exposto... Mas a ressaca, essa estava lá e a vontade era por
conseguinte ainda maior. Basicamente durante um ano não comi bolos de
aniversário nem outros alimentos processados. Foi um processo bem penoso. E não
era fácil ter que responder educadamente às pessoas que não comia por razões de
saúde, mesmo que isso fosse a 325ª vez que o dissesse.
Se valeu a pena? Sim, claro que sim! Voltei a sentir-me bem e saudável. Só me arrependo de não o ter feito mais cedo! Cheguei aos 75kg em menos de um ano e com uma incrível vontade de melhorar ainda mais a minha condição física.
Se valeu a pena? Sim, claro que sim! Voltei a sentir-me bem e saudável. Só me arrependo de não o ter feito mais cedo! Cheguei aos 75kg em menos de um ano e com uma incrível vontade de melhorar ainda mais a minha condição física.
Entretanto dois anos passaram e fui-me mantendo fiel a um
estilo alimentar mais saudável e experimentando novos deportos. Dei a certa
altura por mim com vontade de dar um salto profissional, isto porque aquele
projecto em que me encontrava (a F3M) já não era suficientemente desafiante,
podendo dizer que o desafio inicial estava a atingir o seu fim. Ou seja, estávamos
em 2012 e eu tinha concretizado os dois maiores desafios a que me tinha
proposto dois anos antes. Era chegada a altura de procurar novos.
A nível profissional tal tomou forma com a possibilidade de
trabalhar numa multinacional – a Dorel Portugal (Empresa mãe das marcas
Bebeconfort, Quinny, Safety 1st…).
Acreditem que a mudança de uma PME para uma multinacional
não é assim tão simples quanto parece. Saímos de um ambiente em que temos tempo
para fazer tudo e mais alguma coisa, para um local onde o tempo é aquilo que
mais escasseia! Sobretudo na fase de adaptação, onde tudo é muito rápido e os
pedidos “para ontem” imperam.
Inicialmente assustou-me um pouco a mudança, mas no final do
dia eu questionava-me "Não era isto que querias? Então agora mostra o que
vales!". Então foi preciso agarrar o touro pelos cornos e dominar a fera.
Felizmente nesta altura já jogava rugby,
o que me facilitou essa placagem aos problemas. Durante a fase de adaptação
senti muitas pressões e dificuldades, mas tudo isso faz parte do processo. Na
verdade, houve uma altura em que tive que dar um murro na mesa e decidir dar um
novo rumo à minha carreira na empresa e foi quando comecei a ter mais
responsabilidades de decisão. O que aprendi aqui é que não devemos deixar que
os outros decidam por nós e fiquemos calados. Temos que falar, argumentar e
mostrar a nossa opinião – apresentar soluções! O português gosta de reclamar,
mas nunca apresenta soluções. Mas quando trabalhas com estrangeiros que têm um
gosto especial em dizer que não somos tão bons quanto eles… aquela raiva de
Afonso Henriques vem ao de cima e mostramos quem manda. Esse murro na mesa foi
de facto marcante, passado pouco tempo já dominava todo o processo de trabalho
em que estava envolvido. Logo, inerente à minha constante necessidade de
inovar, surgiu de novo a vontade de mudar para voltar a ter aquela pica de
trabalhar.
Se a mudança não se pudesse dar na empresa onde estava, seria em
outra. E assim foi. Despedi-me e fui trabalhar com o meu irmão numa empresa bem
mais pequena e uma realidade totalmente diferente. Talvez para voltar a encontrar
um rumo para o meu futuro, tendo para tal contribuído um dos maiores marcos e desafios
que enfrentei na minha vida: ter terminado um namoro de 9 anos e consequente
noivado a 1 mês do casamento! Foi dos períodos mais difíceis que já passei, a
verdadeira tempestade. E o que se costuma dizer é verdade – depois da
tempestade vem a bonança. Meti pés literalmente a caminho e fiz uma das coisas
que mais me ajudou a entender o que se tinha passado e onde poderia melhorar –
fiz o Caminho de Santiago a pé.
Durante esse tempo entendi que a minha máxima para a Vida, a
ser aplicada (e bem) a título profissional, não estava a sê-lo naquela relação que
terminara, ou seja, não estava à procura de melhorar continuamente e fiquei
numa atitude de monotonia e apatia. Logo, vi que numa relação, como na vida,
devemos estar constantemente à procura de melhorar! Por isso toca a manter a
mente aberta.
Ora então este novo Eu levantou a cabeça e meteu pés a
caminho… Fiz viagens que ansiava fazer, mas por uma razão ou outra não fiz.
Participei em atividades que não fazia, porque a namorada não gostava e
reprovava. Partilhei tempo com os meus amigos e família (e isto era o que mais
falta sentia), conheci pessoas novas e adorei tudo isso.
O que é que isto gerou? Mais mudança!!! Recebi uma proposta
de trabalho da Cabify em Lisboa e pensei "Porque não?". Lá fui eu para a
capital trabalhar. Mais uma mudança e uma nova aventura num ambiente totalmente
diferente do que estava acostumado. Muita gente acha que é
difícil de adaptar-se a esse ambiente e muito complicado para alguém que vem de outras cidades,
nada disso! Sou minhoto e fui a Lisboa mostrar como se trabalha e esse era no
final o verdadeiro acontecimento que havia por ali. Adorei a cidade e o
movimento durante o dia e noite, mas isso foi sol de pouca dura… Tudo porque recebi
nova proposta para voltar à Dorel com condições diferentes e uma posição ainda
mais desafiante. O problema foi saber o que fazer nesse momento!!! Dar
continuidade a um processo de mudança ou quebrar e entrar noutro. Na verdade
voltei à Dorel… Medindo os prós e contras o desafio da Dorel era maior que o da
Cabify e as regalias também ajudaram, sem dúvida.
Sim, podem dizer que eu não consigo ficar parado no mesmo
sítio e que isto em termos profissionais pode ser um problema. Mas não será
isso um problema cultural? Na Inglaterra as pessoas mudam de emprego como que
muda de roupa, e na Alemanha não há o conceito de trabalho para a vida. Para
mim o conceito que existe é procurar o que nos faça feliz e é isso que me move.
Desde as dietas ao desporto, do trabalho ao amor, tudo isso para mim só vale a
pena se for realmente desafiante e motivador.
No desporto passei a fazer Crossfit, que é o que eu gosto, constantemente variado. Aqui não há peito à segunda e pernas à terça.
Aqui há mudança todos os dias e no final ficas com um sorriso na cara.
Se querem um conselho meu, apesar de não ser um exemplo
perfeito, vivam a vida com o propósito de serem felizes. Não o de fazerem as
outras pessoas felizes! Se vocês forem felizes os outros também o serão quase
que por osmose!
"A monotonia é o maior veneno que existe na vida e devemos fazer o máximo para o expulsar do corpo."
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