Todos os dias são dias da Mulher lutadora, guerreira, mãe, profissional, filha, confidente, irmã, companheira mas hoje, dia 08 de março, celebra-se o nosso dia a nível Internacional e até o sol resolveu dar-nos o ar da sua graça de presente. Hoje é o Dia Internacional da Mulher em homenagem ao movimento pelos direitos das
mulheres que durante tantos anos lutaram pela igualdade de géneros, por
melhores condições e pelo direito ao voto.
Não havia dia melhor para dar
início a uma nova rubrica no blog sobre as Grandes Mulheres com quem tenho
privilégio de partilhar a minha vida, daí o nome “Super Mulheres da minha
vida”.
Esta rubrica começa com o
testemunho da Bárbara, uma mulher cheia de
boas energias e muita luz, que batalhou pela sua felicidade mesmo que essa luta
implicasse mudar radicalmente a sua vida.
Deixo-vos aqui o testemunho de
uma Super Mulher que tenho muito orgulho em ter na minha vida, que é um verdadeiro exemplo enquanto Mulher, Mãe, Amiga, Filha, Profissional:
"Entrei no curso de
Direito porque queria justiça e igualdade para todos. Estava confiante que iria fazer a diferença
enquanto jurista e advogada. Antes disso, só queria cantar e dançar. Estudei
música 9 anos e não sei bem onde me perdi para ter deixado esse mundo mágico
para trás.
Os dois primeiros
anos do curso foram de desencanto.
No final do 2º ano descobri um grupo de ação
social - o GAS África - e parti voluntária para a Madeira 2 meses. Dei
aulas de português, inglês e história e prestei apoio e cuidados a idosos.
Quando cheguei pensei desistir do Direito. Mas não tinha nenhuma outra paixão
(a não ser cantar e dançar) e, por
comodidade, resolvi continuar a estudar leis. Afinal, ia para o 3º
ano.
Na altura, a audácia não me acompanhava, de
todo! Estava atada.
Aos 21, com tudo
em aberto, já me sentia imensamente presa à escolha que havia feito aos 18 (incrível, não é?). Por isso continuei,
dava muito trabalho mudar.
No final do curso arranjei logo emprego como
advogada em melhores condições que as normais para os recém licenciados da
altura. Ganhava pouco mas consegui sair de casa e ser autossuficiente. Por
descontentamento com o escritório decidi mudar para outro escritório onde as
motivações e objetivos de trabalho não eram assim tão diferentes. A insatisfação com a profissão já no novo
escritório foi aumentando ainda mais. E apesar do salário mais aliciante, eram
demasiadas as horas que passava a fazer
o que não gostava.
Sentia que estava a perder a vida! Queria deixar de exercer. O problema é que eu não sabia fazer mais nada!
Em desespero, para me distrair e tentar
ainda na minha área, fiz uma pós-graduação em Direitos Humanos, tentei ir para
a solicitadoria e passou-me pela cabeça a magistratura. Loucura! A verdade é que eu não queria fazer nada com
o meu curso e não conseguia enfrentar isso.
Comecei a sentir-me doente, deprimida, mesmo desanimada e, já bem no fundo do poço, encontrei uma amiga que me fez questionar: Quem é que estava desanimada. Quem quer mudar? Quem é o sujeito?
Foi quando procurei saber mais sobre os meus
traços de personalidade, tendências e principais medos. Comecei por fazer um
curso de Eneagrama. Descobri que outras pessoas
têm as mesmas dificuldades que eu, que afinal não era assim tão especial
(sempre me achei um ET) e que havia estudos sobre as máscaras que colocava para
me defender de mim e da vida.
Descobri o yoga e a meditação. Antes de ir
para o escritório meditava 10 minutos numa Igreja, pelo silêncio e
tranquilidade que me proporcionavam. Comecei a “ver” mais claro, mais nítido.
Viajei para o México, em retiro, para descobrir mais sobre o tal sujeito. Sobre mim. Foi reveladora essa viajem. Vi tudo de longe, percebi que as minhas emoções é que tornavam tudo tão complicado, nada mais.
Viajei para o México, em retiro, para descobrir mais sobre o tal sujeito. Sobre mim. Foi reveladora essa viajem. Vi tudo de longe, percebi que as minhas emoções é que tornavam tudo tão complicado, nada mais.
Tinha decidido: ia transformar o medo em amor e assim mudar a minha vida!
Voltei com a certeza que ia sair da
advocacia. Uns dias depois esbarrei no Instituto de Medicina Tradicional, por ter aberto mesmo ao lado do cartório
notarial. Logo na 1ª aula do Curso de Shiatsu soube que ia fazer daquilo a
minha vida. Senti segurança, credibilidade, fez-me todo o sentido e mais algum. Tinha uma vocação, um apetência inata e
era por ali o caminho.
Quando comecei o curso de Shiatsu estava grávida de 3 meses. As aulas eram mesmo perto do escritório e saía muitas vezes a correr para o Instituto de Medicina Tradicional. Tracei um plano que, durante muito tempo foi secreto.Perdi várias horas a fazer contas, a estudar o calendário, a projetar e a colocar hipóteses. Percebi que precisava de poupar x dinheiro para sair, que tinha que trabalhar mais 5 meses e uns dias e que podia montar o meu gabinete de Shiatsu numa clínica médica.
Falei com o médico responsável da clínica em vista. A medo e totalmente descrente do sucesso da coisa, esse Dr. garantiu-me o lugar numa sala da clínica que estava abandonada.
Depois de todas
essas horas a planear, sabia que tinha que confiar, entregar a Deus, ao planeta, ao cosmos, ao
universo.
Não podia estar
sempre a rectificar, a voltar atrás, a (re)pensar o plano porque senão ia ficar
maluca, desgastada. Pais,
irmão, toda a família e amigos desconheciam completamente o que planeava fazer.
Isto porque tremia de medo que me
dissuadissem, que me transmitissem os seus receios. Afinal estava
grávida e queria deixar a advocacia para fazer massagens (what? Crazy girl!).
Só o meu companheiro acompanhou o processo, mesmo assim, não falávamos muito porque também ele estava com imenso receio por mim, pelo meu e nosso futuro como jovem família.
Marquei uma viagem a Barcelona para o dia seguinte ao que havia estipulado para me despedir. Fi-lo para me obrigar a não ficar mais uns tempos, sabia que me iam pedir isso e que eu tinha que dizer não.
Quanto mais se aproximava a data estipulada, mais noites havia em que ficava agitada na cama, tanto era o medo. Não podia pensar a mais de 5 dias. Depois de traçar esse plano era viver um dia de cada vez. Concentrei-me e meditei muito em sentir a minha filha Clara dentro de mim, conectei-me profundamente com a força e fé que a graça da maternidade nos pode dar. Tive o apoio de uma amiga incrível que, de tempos a tempos me lembrava: acredita, confia, sei que vai dar certo.
Então eu confiei,
acreditei e deu certo!
No dia em que disse ao meu chefe que ia
embora, saí feliz do escritório. Tinha conseguido verbalizar de uma forma calma
e coerente o que lhe queria dizer. Fui amigável e agradecida. Ao contrário da
saída do primeiro escritório (da qual não me orgulho e tenho como aprendizado e
lição). Senti um peso enorme sair-me dos ombros. Fui para Barcelona! Foram dos
dias mais felizes da minha vida.
Eu feliz, todos em pânico!
Descansei muito, tive a Clara, e 3 meses depois criei outro plano para “vender” o meu produto. Na altura, apenas o shiatsu! Criei um blog entre mamadas. Investiguei outros blogs e sites sobre terapias e imaginei que teria que haver uma estratégia.
Criei uma página de Facebook, uma imagem, uma marca. Fui muito inspirada por uma amiga e também paciente que, curiosamente, também tinha tido uma menina da idade da Clara, e que decidiu aproveitar a licença de maternidade para criar uma marca de roupa de bebés. O primeiro post do blog foi sobre a mudança de vida e atingiu muitas visualizações e interesse por parte das pessoas.
Na semana que ia
começar a fazer terapias, tinha 20 euros na carteira, nada mais. Comecei do zero. Mesmo! Por sorte,
destino ou karma, desde a primeira semana tive pacientes. Uma dessas paciente
foi mesmo especial porque se apaixonou por mim e pelo meu trabalho. Espalhou
aos 7 ventos o Shiatsu e, ainda hoje, 4 anos depois, chegam pessoas a quem essa
querida falou.
Um ano depois, surgiu o interesse por
desenvolver mais a ajuda aos meus pacientes através do yoga e meditação. E
surge assim a marca Bárbara Couto.
A minha mais recente paixão são as crianças,
mais concretamente o yoga e meditação na infância. Neste momento, tenho mais de
120 alunos no Colégio D. Diogo de Sousa, o que me preenche imensamente e me faz
explorar o lado mais criativo e musical que marcou os meus primeiros anos de
estudo no conservatório.
A temática da parentalidade e educação consciente fez-me integrar e desenvolver um projeto – Educar Hoje que, em conjunto com 5 colegas, levará às escolas, pais e professores, e interessados em novas metodologias, diferentes formas de ser e estar com as crianças, dentro e fora das salas de aulas.
A minha vida é substancialmente diferente.
Faço a gestão do meu horário, consigo estar com a minha filha. Trabalho na mesma imenso, mas com gozo – e
isso faz toda a diferença. Chego a casa com um sorriso nos lábios e o
cansaço é quase nenhum.
Para manter a alegria e inspiração medito e pratico para confiar que vai correr tudo bem desde que faça o meu trabalho honestamente; medito e pratico para viver um dia de cada vez, sem demasiadas expectativas e com a forte convicção que darei sempre o meu melhor.
Aceito o desafio que é viver sem ter tantas certezas! "
Contactos:
Site: https://barbaracouto.pt/
Tlm: +351 960 449 316
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