Sabem aquelas pessoas que carregam um brilho especial no olhar?
A Regiane é, sem dúvida, uma dessas pessoas!!!
A Regiane é, sem dúvida, uma dessas pessoas!!!
Tem sempre um conselho para dar, tem sempre um projeto novo para falar, tem sempre ideias novas para discutir e acima de tudo, tem sempre uma palavra de carinho e incentivo, ainda que que a milhares de quilómetros de distância.
Deixo-vos aqui a história de uma mulher lutadora, que nasceu pobre mas que tem uma riqueza imensa dentro dela!!!
"Morávamos num bairro muito simples de S. Paulo, éramos pobres, então comecei
a trabalhar muito cedo como empregada doméstica e estudava à noite. Nunca
me esqueci que a avó Maria dizia “Estudo é tudo!!!” e sempre
procurei fazer todos cursos possíveis e imaginários, alguns em áreas que nem
sabia que existiam mas ainda assim avançava. Trabalhei
na casa da Cleusa durante 5 anos e tenho contacto com ela e a família até aos
dias de hoje, graças ao Facebook. Foi com este trabalho e com muita poupança,
que consegui comprar o meu primeiro computador. Como fiquei radiante e
orgulhosa da minha primeira conquista!!!
Naquele
tempo eu já sonhava alto, queria ser uma grande empresária como via nas novelas
da Globo, mulheres bonitas, inteligentes, ricas e independentes. Movida por
este desejo, aos 18 anos escrevi uma carta com todas as metas que deveria
alcançar até chegar aos 30 anos. Eram objetivos possíveis de realizar (graduação
na faculdade, comprar um carro, uma casa, casar) mas que iam exigir de mim
muito trabalho, dedicação e esforço.
E a verdade é que consegui realizar todas as minhas metas de menina de 18 anos antes dos 30. Como é óbvio, tive que passar por caminhos apertados e bem difíceis mas consegui!!!
Focada na minha lista de metas, aos 19 anos decidi deixar de trabalhar como empregada doméstica e consegui trabalho numa empresa pequena, como auxiliar administrativa. Na verdade eu fazia tudo, mas foi bom porque aprendi muito e foi com este trabalho que consegui alugar a minha primeira casa. Lembro-me como se fosse hoje, a minha irmã deu-me um prato, um garfo, uma colher, uma faca e um copo. E eu só tinha uma cama e a minha televisão. Agora é tão pouco mas para mim ter isto naquele momento significava tanto. Significava a minha independência!!!
E a verdade é que consegui realizar todas as minhas metas de menina de 18 anos antes dos 30. Como é óbvio, tive que passar por caminhos apertados e bem difíceis mas consegui!!!
Focada na minha lista de metas, aos 19 anos decidi deixar de trabalhar como empregada doméstica e consegui trabalho numa empresa pequena, como auxiliar administrativa. Na verdade eu fazia tudo, mas foi bom porque aprendi muito e foi com este trabalho que consegui alugar a minha primeira casa. Lembro-me como se fosse hoje, a minha irmã deu-me um prato, um garfo, uma colher, uma faca e um copo. E eu só tinha uma cama e a minha televisão. Agora é tão pouco mas para mim ter isto naquele momento significava tanto. Significava a minha independência!!!
Fui muito feliz na
minha casinha, mas ainda não me contentava com o que eu tinha, sai desta empresa
e fui em busca de algo mais. Na época eu já tinha começado o curso de inglês na
Wizard e acreditava que conseguiria rapidamente um trabalho melhor.
Consegui emprego como rececionista na Flutrol Lda, uma empresa que desenvolve equipamentos para geração de pressão hidráulica, e achava fantástico porque nunca tinha trabalhado numa
empresa com mais de 10 pessoas. E lá, a cada dia fui aprendendo coisas novas
até porque eu sempre fui muito curiosa, e sempre precisei saber e entender
exatamente o que me era pedido para fazer.
Com a minha evolução
fui ganhando espaço numa empresa de homens, onde para eles as mulheres deviam ficar
numa mesinha a atender o telefone.
Quando fui promovida
para gerir o PCP (Planeamento e Controlo da Produção) fiquei aterrorizada, ia começar a trabalhar com os
engenheiros. Pus o salto alto de lado e passei a usar o cabelo preso, calças
e ténis, e a tentar perceber como era todo o processo de industrialização das
máquinas. Infelizmente não foram tempos fáceis para uma mulher no meio de
homens. Várias vezes eu tinha que ouvir “O seu lugar é atras da sua mesa.”, outros
de pirraça não carregavam um camião com o material mas eu, atrevida, pegava nas caixas e resolvia
o problema e mostrava-lhes que também era capaz.
Formei-me
como contabilista e passei a gerir a área de faturação, e em simultâneo fazia também a gestão das
importações e exportações da Frutrol Lda. Trabalhei nesta empresa durante 8 anos
até que chegou o momento de voar.
Precisava de continuar a minha
busca pelo que me fazia feliz, que me realizava, e sentia que faltava algo, mas
não sabia o que era. Eu já era casada e também estava infeliz no casamento, não
estávamos alinhados para a mesma direção. Nesta fase de procurar nova oportunidade de
trabalho, o meu CV é selecionado e no email de resposta vem o seguinte: Vaga para
Angola.
Ao falar com meu marido
ele sempre foi pessimista e não me deu qualquer tipo de apoio para seguir este
caminho mas o meu sexto sentido dizia-me para seguir em frente. Como mulher determinada
que sou, segui a minha intuição e respondi ao email dizendo que aceitava. Só depois é que fui
pesquisar sobre Angola e a verdade é que não achei uma má ideia se eu fosse
realmente selecionada.
Passei por todo o
processo de recrutamento às escondidas do meu marido até porque éramos
tantos candidatos que eu nunca imaginei conseguir o lugar, mas um belo dia recebo
um telefonema da empresa a dizer que tinha sido selecionada e que viajaria dentro de
15 dias para Angola.
Já não sabia se pulava
de alegria ou se morria de medo de contar ao meu marido. Dentro de mim eu já sabia que
nada me faria desistir, e como o casamento estava no limite pensei “É agora ou nunca”.
Falei com o Adriano e no primeiro momento acho que ele queria matar-me, então
usei meu lado positivo para persuadi-lo. Fiz as malas e segui para Angola com
um contrato de 3 meses!
Estava há menos de um mês em
Angola quando o meu marido me pediu o divórcio. Eu aceitei! Ele pensou que me faria
desistir do meu trabalho longe de casa mas eu preferi desistir dele e pensar em
mim. Talvez tenha sido a primeira vez que eu tenha feito isso mas foi uma
sensação fantástica!!!
Ao fim de 3 meses
regressei ao Brasil, assinei os papéis do divórcio e senti-me livre para voar
ainda mais alto. E o impossível até ali tornou-se possível. Fiz, e ainda faço
coisas, que antes nem sequer equacionava.
Não foi fácil mas superei, apareceu a nova Regiane mais solta, mais alegre, mais extrovertida, mais feliz!!!
Fui contactada para regressar
para Angola e há 7 anos que moro em Luanda. Tem sido uma relação de amor e ódio
em que o amor sempre vence.
Também em Angola sempre
procurei algo melhor e mais desafiante. Claro que houve dias de lágrimas sem
fim em que o desejo de desistir de tudo e de todos era gigante. Mas, mais uma
vez, fui abençoada por conhecer um grande amigo o Celso Salles. E no meio
destas conversas em momentos tristes, desabafos e vontade de desistir, o Celso
mostrou-me um caminho em que eu podia ser feliz e fazer os outros felizes: o
voluntariado.
Juntos criámos a Lúmina África para que pudéssemos
potenciar ações para as intuições necessitadas. Começámos por visitar várias instituições sociais onde nos deparámos com as necessidades prementes de um país carenciado. Então, resolvemos desenvolver iniciativas que pudessem, de alguma forma, contribuir para uma vida melhor das pessoas envolvidas.
A Lúmina África nasceu na área social, motivada, naturalmente, pelas grandes necessidades de Angola e foi crescendo, sendo que neste momento conta já com diversos serviços, nunca esquecendo a vertente social e de apoio aos mais carenciados. Como Diretora da Lúmina África, o meu intuito é sempre valorizar o lado social porque sei que é assim que me sinto feliz, a ajudar quem precisa de mim.
Não vou negar que existem
momentos em que tenho vontade de desistir de tudo, mas a verdade é que fui feita para
voar. Como diz o meu amigo Celso sou "uma Águia e Águias não são para estarem
presas". E é com este pensamento que a cada dia procuro levantar voo e aterrar onde
precisam de mim. Mesmo nos dias mais
tristes e escuros, estando longe da minha família, procuro forças para levantar
voo, para sorrir e fazer alguém sorrir.
Depois de 7 anos em Angola, em que vim contra tudo e contra todos, sinto-me uma mulher melhor, sinto que dei tudo de mim em todos os projetos em que participei, a todas as crianças com quem brinquei, em todos os momentos em que ajudei alguém, em todas as minhas relações quer profissionais, quer pessoais. Sinto-me uma mulher mais rica por cada sorriso que vi quando ajudei!!!
Estou na casa dos 40 e
sei que ainda tenho grandes desafios pela frente, quem sabe O amor, uma
nova aventura noutro país, não sei!!! Seja qual for o próximo desafio, o meu único plano é continuar a voar para
qualquer lugar em que eu possa aterrar com segurança e feliz."
Voluntariado com amor é uma oportunidade única de fazer o bem sem olhar a quem.
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